O empresário Nelson Tanure quer assumir o controle da Braskem, maior petroquímica da América Latina. Para tanto, negocia com a Novonor (ex-Odebrecht). Esta última detém a fatia majoritária da companhia. O processo se arrasta há mais de um ano.
A Novonor pede R$ 11 bilhões por sua participação, embora o valor de mercado atual da Braskem seja de R$ 9 bilhões. A diferença revela o entrave central: enquanto a Novonor busca se desvincular do ado, Tanure aposta na valorização futura do ativo.
Recentemente, o empresário firmou um acordo de exclusividade com a Novonor. O contrato, válido por 90 dias e prorrogável, prevê a negociação por meio do fundo Petroquímica Verde. O objetivo é adquirir, de forma indireta, os 38,3% do capital total da empresa — fatia que representa 50,1% das ações com direito a voto.
Com o acordo em mãos, Tanure ou à fase mais sensível: convencer os bancos credores. Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES têm cerca de R$ 15 bilhões em empréstimos garantidos pelas ações da Novonor. Segundo o empresário, essas instituições são essenciais para viabilizar a operação. No entanto, afirma que os bancos ainda não têm controle efetivo sobre as ações, que permanecem formalmente com a Novonor.
Quem está de olho na Braskem
No fim de maio, a Braskem divulgou um fato relevante em que confirmou a proposta recebida de um fundo ligado a Tanure. O documento destacou cláusulas-padrão, como due diligence (análise profunda antes do acordo) e negociação com credores e acionistas. A reação do mercado foi imediata: as ações da empresa dispararam até 11% no Ibovespa.
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A Petrobras, que possui 47% das ações com direito a voto e integra o bloco de controle, ainda avalia a proposta. A CEO da estatal, Magda Chambriard, afirmou que a gestão atual “não é o que queremos” e disse ver com bons olhos uma solução para o ime. Em contrapartida, Tanure propõe ampliar o papel da Petrobras na operação.
Os riscos de aquisição da Braskem
Tanure é conhecido por reestruturações polêmicas, como nas empresas Light e Prio. No caso da Braskem, o empresário vê uma oportunidade estratégica. Entre seus planos está transformar o polo de Camaçari (BA) em um hub de petroquímicos sustentáveis, além de reduzir emissões e atrair investidores interessados em “economia verde”.
Analistas do mercado financeiro apontam riscos relevantes nessa operação. Para ter uma ideia, a Braskem acumula dívida líquida de US$ 6,6 bilhões. Além disso, pairam dúvidas sobre a governança futura da empresa e o papel da Petrobras em cláusulas de tag-along (direito que protege os acionistas minoritários em caso de venda do controle de uma empresa).
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