Os Estados Unidos (EUA) e o Irã se preparam para uma nova rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano, marcada para domingo 15, em Omã. Em paralelo à diplomacia, aumentam os indícios de que Israel pode estar prestes a lançar uma ofensiva militar contra instalações nucleares do Irã.
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De acordo com reportagens das redes NBC e CBS, autoridades norte-americanas acreditam que Israel está pronto para agir nos próximos dias, mesmo sem apoio direto dos EUA. Cinco fontes ouvidas pela NBC informaram que Israel considera realizar um ataque, sem esperar por coordenação com Washington, temendo que os EUA aceitem um acordo que permita a Teerã continuar enriquecendo urânio em níveis limitados.
A tensão levou o Departamento de Estado e o Pentágono a autorizarem a retirada de parte do pessoal diplomático e de suas famílias de países da região, com receio de retaliações iranianas. Um funcionário norte-americano disse que, até o momento, não há planos para que os EUA forneçam apoio a Israel, nem mesmo por meio de reabastecimento aéreo ou compartilhamento de inteligência.
A CBS afirmou que Israel está “totalmente pronto para lançar uma operação contra o Irã”. A movimentação também ocorre depois de o ex-presidente Donald Trump demonstrar ceticismo sobre o sucesso das negociações nucleares.
Questionado sobre a retirada de pessoal norte-americano da região, Trump declarou na quarta-feira 11: “Eles estão sendo retirados porque pode ser um lugar perigoso, e vamos ver o que acontece.” Ele acrescentou: “Eles não podem ter uma arma nuclear. Muito simples, eles não podem ter uma arma nuclear.”
Trump também afirmou que está “cada vez mais menos confiante” de que o Irã vá aceitar as exigências dos EUA. “Eles parecem estar adiando, e acho isso uma pena. Estou menos confiante agora do que estaria há alguns meses. Algo aconteceu com eles.”
Segundo integrante do alto escalão iraniano, um país “amigo” teria alertado Teerã sobre os preparativos israelenses. Ele afirmou à Reuters que a pressão tem o objetivo de influenciar a posição iraniana nas negociações, mas garantiu que Teerã continuará exigindo o direito de manter algum nível de enriquecimento.
O ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasirzadeh, afirmou que o país responderá com força em caso de ataque. “Se o conflito for imposto a nós, as baixas do inimigo certamente serão maiores que as nossas, e, nesse caso, os EUA terão que deixar a região, porque todas as suas bases estão ao nosso alcance.” Ele concluiu: “Temos o a elas, e vamos atacar todas sem hesitação nos países anfitriões.”
O Irã também estaria preparando uma retaliação imediata, com centenas de mísseis balísticos, segundo uma fonte ouvida pelo The New York Times. Em outubro do ano ado, Teerã chegou a lançar um ataque similar contra Israel, mas a maioria dos projéteis foi interceptada por sistemas de defesa aérea israelenses e de aliados. Em resposta, Israel atingiu severamente sistemas defensivos iranianos.
Analistas acreditam que Israel pretende agir antes que o Irã consiga reconstruir essas defesas. A evacuação de pessoal diplomático, segundo o especialista Michael Knights, do Washington Institute for Near East Policy, pode ter sido um recado estratégico. “É uma forma de tentar fazer o Irã respeitar a vontade do presidente”, afirmou.
Apesar da escalada militar, o chanceler de Omã, Badr Albusaidi, confirmou que a cidade de Mascate receberá a sexta rodada de negociações nucleares entre EUA e Irã neste domingo. Um oficial norte-americano informou que o enviado especial Steve Witkoff se reunirá com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, para discutir a resposta de Teerã à proposta norte-americana mais recente.
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Durante um evento beneficente em Nova York, Witkoff afirmou que conversou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e reiterou que “a República Islâmica jamais deve ser autorizada a enriquecer urânio ou desenvolver qualquer capacidade nuclear”.
A expectativa é que Netanyahu informe o gabinete e os opositores sobre todos os cenários de um eventual ataque, como é hábito nessas ocasiões.
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O mesmo fez o ex-primeiro-ministro Menachem Begin (1977-1983), do Likud. Ele consultou o trabalhista Shimon Peres antes de atacar o reator do Iraque, Osirak, em 1981, na Operação Ópera.
O primeiro-ministro Ehud Olmert (2006 – 2009), no Kadima (centro), também avisou Netanyahu, do Likud, antes do ataque à Síria em 2007.
Witkoff reiterou que Israel ficaria ameaçado caso o Irã obtenha uma arma nuclear. “Um Irã nuclear representa uma ameaça existencial para Israel, assim como um Irã com grande quantidade de mísseis”, disse o representante norte-americano. “
Essa ameaça é tão grande quanto a nuclear. Devemos nos manter firmes e unidos contra esse perigo e garantir que o Irã jamais obtenha os meios para concretizar suas ambições letais, custe o que custar.”
A missão do Irã ONU deu a entender que não pretende mudar a estratégia. Em uma rede social, declarou: “Ameaças de força esmagadora não mudarão os fatos.” Em outra postagem, afirmou, em tom crítico: “O Irã não busca uma arma nuclear, e o militarismo dos EUA apenas alimenta a instabilidade.”
Inevitável,🇧🇷🇺🇲🇺🇦🇦🇷🇮🇱