A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu na ação sobre a suposta tentativa de golpe em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), estuda solicitar uma acareação entre ele e o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército e testemunha de acusação. A apuração é do jornal O Estado de S. Paulo.
Esse procedimento coloca frente a frente pessoas que apresentaram versões contraditórias, a fim de esclarecer os fatos. Freire Gomes declarou que Torres participou de reuniões com teor golpista, o que o ex-ministro nega.
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O prazo para que as defesas dos réus e a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitem novas diligências — como produção de provas ou acareações — termina na próxima segunda-feira, 16. Depois dessa etapa, as partes apresentarão suas alegações finais, e o processo será encaminhado para julgamento na 1ª Turma do STF.

Em depoimento prestado à Polícia Federal em 2024, Freire Gomes afirmou que Torres oferecia “e jurídico” ao então presidente Jair Bolsonaro durante encontros para tratar de ações golpistas.
O general também disse que a “minuta golpista” discutida com Bolsonaro e outros comandantes militares seria a mesma que a PF apreendeu na casa de Torres. A defesa do ex-ministro contesta essa versão e cogita pedir uma perícia para comprovar a divergência.
General voltou atrás em depoimento sobre Anderson Torres
Ao depor no STF em maio, o general amenizou o tom. Ele disse não ter certeza se o documento apreendido na casa de Torres era de fato o mesmo discutido nas reuniões com Bolsonaro.
Questionado pela defesa de Torres sobre de quantas reuniões o ex-ministro participou com os chefes das Forças Armadas, Freire Gomes respondeu apenas: “Poucas”, sem entrar em detalhes. Os advogados também criticaram o fato de o general estar no processo como testemunha, e não como investigado.

Durante seu interrogatório, Torres negou as acusações feitas pela PGR, principalmente em relação à minuta encontrada em sua casa.
“Não é a minuta do golpe. Eu brinco que é a minuta do Google, né? Porque está no Google até hoje”, afirmou ao ministro Alexandre de Moraes. “Isso foi uma fatalidade. Eu nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito. Não sei quem fez, não sei quem mandou fazer e nunca discuti esse tipo de assunto.”
Preso preventivamente entre janeiro e maio de 2024 por suspeita de envolvimento nos atos do 8 de janeiro, quando era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Torres segue desde então em liberdade com tornozeleira eletrônica e sob medidas cautelares, que incluem restrições de circulação.
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