Soldado israelense entrega pão a Greta Thunberg, a bordo do iate Madleen, interceptado ao tentar furar bloqueio naval rumo à Faixa de Gaza | Foto: Israel Foreign Ministry/X/Handout via Reuters
Edição 273

O navio de idiotas de Greta em Gaza já foi tarde

Essa façanha narcisista resume a falsa virtude e a teatralidade preguiçosa do ativismo moderno

A farsa marítima chegou ao fim. O navio dos narcisistas foi interceptado. Greta Thunberg e seu bando de palhaços hipócritas de keffiyeh foram contidos. Eles não foram para Gaza, mas para a cidade portuária israelense de Ashdod, e acabaram sendo deportados. Dá para imaginar o Mediterrâneo ecoando gritos de “como ousam?!” enquanto Greta e seus fantoches de apóstolo repreendem Israel por frustrar sua missão messiânica de salvar o povo de Gaza do mal.

Não há nada que não seja engraçado no colapso desse ato bobo de salvadora branca de Greta. Gostei especialmente dos clamores juvenis da tripulação vaidosa. “Fomos sequestrados!”, gritou Greta. Não foram. Eles ficaram bem. Chegaram em segurança ao litoral de Israel e ganharam sanduíches. “Isso é um crime de guerra!”, bradou um dos marujos salvadores da pátria quando as forças israelenses embarcaram, num tom que lembra o adolescente Kevin (personagem do filme Precisamos Falar sobre Kelvin) quando seus pais diziam que estava na hora de ir para a cama.

Temos o fato delicioso de que foi Greta que acabou recebendo ajuda. A foto de um soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF) entregando a ela um sanduíche kosher embrulhado em plástico é igualmente comovente e hilária. “Achei que Greta fosse levar ajuda humanitária, não recebê-la”, brincou Eve Barlow. O soldado está totalmente uniformizado, como convém ao seu papel de guerreiro contra o exército de antissemitas que atacou Israel em 7 de outubro de 2023. Greta está usando um chapéu de sapo, como convém ao seu papel de santa padroeira de garotos ricos, idiotas e falsamente virtuosos do TikTok.

A ativista Greta Thunberg, famosa por denunciar ‘crimes humanitários’, recebe de um soldado israelense o que parece ser ajuda humanitária: um sanduíche kosher | Foto: Israel Foreign Ministry/X/Handout via Reuters

Depois, temos a trollagem de Israel. O Estado judeu está tirando sarro de Greta, e eu estou adorando. Interceptamos o “iate das selfies” das “celebridades” cujo “único propósito” era “ganhar visibilidade”, declarou o Ministério das Relações Exteriores de Israel. A “pequena quantidade de ajuda levada pelo iate [que] não foi consumida pelas ‘celebridades’ será “transferida para Gaza”, anunciou. Porque, acredite ou não, é possível alimentar as pessoas de uma forma que não “envolva selfies de Instagram”. Uau. Bate menos, Israel.

Os lunáticos da internet estavam preocupados com a possibilidade de Israel matar Greta. “Nada é insano demais para Israel”, incluindo o “assassinato [de] Greta Thunberg”, afirmou o esquerdista de soja convertido em histérico digital Owen Jones. Calma, pessoal. Ela está sendo alvo de memes, não de disparos. “Greta Thunberg está… em segurança e bem”, postou a conta oficial no X do Ministério das Relações Exteriores de Israel. “O show acabou.” É assim que se estoura a enorme bolha de autoimportância de uma gangue de israelófobos que estão tão embriagados com a própria vaidade moral que realmente acreditam que podem “salvar Gaza”.

É maravilhoso ver o fracasso dessa excursão de férias pelo Mediterrâneo disfarçada de cruzada moral. Nada capturou tão bem a teatralidade preguiçosa e a falsa virtude do ativismo moderno quanto o barco idiota de Greta. Essa suposta flotilha da liberdade não teria feito absolutamente nada para ajudar o povo sofrido de Gaza. Esse nunca foi o objetivo de fato. O navio de idiotas sempre esteve mais interessado em chamar atenção para si mesmo e para o próprio brilho moral do que para as necessidades dos civis de Gaza.

Greta Thunberg e sua equipe, a bordo do iate Madleen | Foto: Freedom Flotilla Coalition/Reuters

Aliás, enquanto Greta e companhia atravessavam as águas agitadas do Mediterrâneo com sua “quantidade mínima de ajuda”, o malvado Israel distribuía milhões de refeições em Gaza. Nos primeiros 15 dias de operações, a Fundação Humanitária EUA-Israelense em Gaza distribuiu mais de 10 milhões de refeições aos necessitados. Seria impossível escrever uma sátira como esta: uma dúzia de wokes assustados em um barco gritando “alimentem Gaza!” enquanto Israel faz exatamente isso. Enquanto Greta e seus amigos pretensiosos se gabavam em seu barco para qualquer canal de mídia disposto a dar atenção, Israel fazia o trabalho árduo de alimentar uma população devastada pela guerra. Enquanto eles tiravam selfies com seus keffiyehs choramingando sobre os famintos em Gaza, Israel estava dando comida a esses famintos. Fizeram uma pantomima moral para ganhar curtidas no Instagram; Israel ajudou de fato, sem receber qualquer agradecimento.

Alguém me diga que isso não resume o ativismo do século 21. E me diga que não ilustra de forma brilhante o show de horrores egoísta que é o “esquerdismo” moderno, cujo objetivo é sempre acumular mais virtudes para si mesmo, em vez de melhorar a vida dos outros. Enquanto Greta era fotografada balançando as pernas para fora do casco de seu barco sob um sol glorioso, jovens soldados da IDF arriscavam a vida levando caminhões de alimentos para uma zona de guerra. E você quer aplausos para ela? Esqueça. Para alguns de nós, parece que as pessoas naquele barco estavam mais interessadas em reconstruir a própria marca moral sobre os escombros de uma guerra sangrenta. Isso não é irável, é doentio.

Mas, mesmo enquanto aplaudimos a interceptação desse navio de idiotas, precisamos ser realistas quanto ao significado disso para os nossos tempos. Essa profusão de keffiyehs no mar e os aplausos das elites da mídia confirmam que sua virtude agora é medida por quanto você odeia Israel. As velhas causas onipresentes da mudança climática e das bobagens de gênero murcharam, e foram substituídas pela nova causa onipresente da raiva contra o Estado judeu. Assim, Greta trocou sua balela infantil sobre bilhões de pessoas perecendo no altar da modernidade para lamentar o “genocídio” de Israel e a ameaça que ele supostamente representa para todos nós. Não é preciso ter feito doutorado sobre a Europa do século 20 para reconhecer quanto é perigoso para os hipócritas do Ocidente se definirem em oposição direta e furiosa à única nação judaica do mundo.

Foto: Freedom Flotilla Coalition/via REUTERS

Brendan O’Neill é repórter-chefe de política da Spiked e apresentador do podcast da Spiked, The Brendan O’Neill Show. Seu novo livro, After the Pogrom: 7 October, Israel and the Crisis of Civilisation, foi lançado em 2024. Brendan está no Instagram: @burntoakboy

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